Se você tem acompanhado os noticiários nos últimos dias, deve ter visto sobre o rompimento da barragem de rejeitos da mineradora Samarco, uma joint venture entre a Vale e a anglo-australiana BHP Billiton, que causou uma enxurrada de lama inundando várias casas no distrito de Bento Rodrigues, em Mariana, na Região Central de Minas Gerais. E sabemos que, o que aconteceu nesta região, já é considerado o maior desastre ambiental do país.

Para esclarecer melhor as coisas, vamos entender primeiro o que são essas barragens.

Durante a extração de minério de ferro, as mineradoras usam o processo chamado decantação, que permite separar misturas heterogêneas, como areia, argila, pedras e resíduos de minério de ferro utilizando água. A água, que é mais leve, fica na parte de cima, sendo bombeada para ser reutilizada em um novo processo de decantação. Já os resíduos, que recebem o nome de ‘rejeito’, são armazenados em barragens, como as que romperam, para garantir que não voltem para a natureza.

Segundo geólogos, as barragens de Mariana ficam no quadrilátero ferrífero, onde se concentra a maior camada de minério do país. O problema é que, foram esses resíduos depositados no fundo da barragem que soterrarem Bento Rodrigues e chegaram até o Rio Doce.

Agora, quais são as consequências destes metais pesados?

A exposição prolongada aos metais pesados é perigosa porque eles são facilmente absorvidos pelos organismos vivos. Entre os mais usados pela indústria, estão o mercúrio, arsênio, cádmio, manganês e chumbo. De modo geral, seu acúmulo no organismo prejudica as funções neurológicas, o sistema imune e o funcionamento dos pulmões, rins e fígado.

Para o médico patologista da USP, Paulo Saldiva, um dos grandes especialistas em poluição ambiental do mundo, esses resíduos são como um “tapete mortal” no fundo do Rio Doce e seus afluentes. Além disso, podem penetrar o solo e infiltrar no lençol freático, inviabilizando o plantio e o uso da água de poços.

Importante destacar que ouve uma omissão por parte da empresa que não tinha um plano de contenção de desastres e nem sequer uma sirene para alertar a população. Faltou uma fiscalização mais rigorosa em cima de uma atividade de extremo risco ao meio ambiente. Será que toda barragem é um perigo eminente? Será que toda barragem é uma tragédia anunciada?

Resta-nos apenas consolar famílias que perderam absolutamente tudo, que tiveram seus lares, suas roupas, suas memórias e sua felicidade varrida pela lama. E tudo isso pela omissão de uma empresa que poderia ter evitado.

O Rio “amargo” que corre para o mar, levará décadas para se recuperar. Sim! Agora você entende que estamos vivendo o maior desastre ambiental do país.