Há poucas semanas o Brasil viu um dos seus principais rios deixarem de existir. A cidade de Mariana foi palco da maior catástrofe ambiental do nosso país. Imagens chocantes do estrago foram veiculadas por diversos canais da mídia.

A cidade foi completamente soterrada por uma tsunami marrom. Casas, estabelecimentos comerciais, carros e todos os bens da comunidade foram engolidos pela lama que, não apenas por sua massa, mas também por seu conteúdo venenoso, veio com fúria mortal.

As barragens danificadas liberaram muito mais do que água com terra. Os detritos contidos vinham da extração de minério, por isso cada mililitro dessa imensidão liquida traz também agentes químicos altamente tóxicos.

É certo que esse episódio poderia ser evitado. É impensável que uma empresa de tamanha magnitude tenha, por acidente, causado danos irreversíveis à natureza (Não só no estado de Minas Gerais, mas atingindo também parte do Espírito Santo e da Bahia), como também afetado irreparavelmente a vida dos moradores de Mariana e das cidades ribeirinhas que dependiam da água do Rio Doce.

Estrutura inadequada, falta de fiscalização, risco iminente

O grande desastre foi causado pelo rompimento de duas barragens e uma terceira segue trincando (e apavorando os moradores vizinhos) nas terras exploradas pela Samarco/Vale. O governo e os órgãos responsáveis caminham coletando informações para um inquérito judicial que será instaurado contra considerados responsáveis pelo acontecimento.

A empresa tentou, por meio de porta-voz, defender-se afirmando que um tremor de terra teria sito o responsável pelo problema. Entretanto, especialistas no assunto afirmam que a estrutura posta pelas mineradoras eram inadequadas e pouco seguras. Mesmo com um pequeno terremoto, as barragens deveriam manter-se em funcionamento, sem permitir o escoamento da lama.

Ainda segundo relatos que continuam surgindo, não havia fiscalização adequada por parte do DNPM (Departamento Nacional de Produção Mineral). Há ainda o apontamento de que as leis do nosso país são insuficientes e precisam de atualização.

A junção desses fatores tornou o risco iminente e, como temos assistido, a devastação incontrolável às forças humanas virou um verdadeiro desastre. Não apenas as cidades foram atingidas, mas o Rio Doce já não pode mais ser utilizado como fonte de abastecimento. Diversas espécies morreram, a água está impotável e a destruição já seguiu para o mar, ameaçando a vida de peixes, animais marinhos, e santuários de preservação.

O que deve ser aprendido com a cidade de Mariana

As empresas têm obrigações perante o estado e perante a sociedade. Não há nenhuma situação que justifique o que aconteceu em Minas Gerais e é esperado que os culpados sejam devidamente condenados pelo desastre. Entretanto, nada poderá reverter as vidas perdidas, o trauma dos desabrigados e os prejuízos naturais.

Mariana deve nos mostrar que é preciso muito mais respeito com as leis e com os sistemas de fiscalização dos grandes empreendimentos. Nenhuma corporação deve ter o poder de devastar uma cidade inteira ou qualquer parte do meio ambiente.

Ainda existem muitas questões em aberto neste caso, mas uma resposta pode ser dada: o Rio Doce nunca mais será o mesmo. Por isso, devemos aprender a lição e pressionar as esferas judiciais para obrigar a Samarco e a Vale a, da melhor forma, minimizarem os estragos já causados.